“Antes de mais nada, gostaria de dar bom dia a todo o povo venezuelano. Esta mensagem bolivariana é dirigida aos valentes soldados que se encontram no regimento de paraquedistas de Arágua e na Brigada Blindada de Valência. Companheiros: lamentavelmente, por enquanto, os objetivos que colocamos não foram atingidos na capital.”
“Quer dizer, nós, aqui em Caracas, não conseguimos controlar o poder. Vocês agiram muito bem, porém, agora é hora de refletir. Virão novas situações e o país tem de tomar um rumo definitivo a um destino melhor. Assim que ouvirem minha palavra, ouçam o comandante Chávez, que lhes lança essa oportunidade para que, por favor, reflitam e deponham as armas, porque, na verdade, os objetivos que traçamos a nível nacional são impossíveis de serem alcançados.”
“Companheiros, ouçam essa mensagem solidária. Agradeço sua lealdade, sua valentia, seu desprendimento, e eu, diante do país e de vocês, assumo a responsabilidade deste movimento militar bolivariano. Muito obrigado”. Segundo o governo da época, foram presos 180 oficiais, 58 suboficiais, 90 integrantes de tropas profissionais e mais de 2 mil soldados.
O movimento tinha, em documento, 24 medidas que seriam tomadas assim que assumissem o Palácio Miraflores, a sede da presidência. entre elas estava a dissolução do Congresso e Assembleias Legislativas, a suspensão de todas as privatizações, controle sobre a livre circulação de capitais e combate ao tráfico de drogas.
Mesmo preso, Hugo Chávez acumulou força política e ganhou popularidade. Institutos de pesquisa indicavam um nível de confiança da população sobre o militar de até 64%.
Em 20 de maio de 1993, o então presidente Pérez foi afastado do cargo por desvio no orçamento secreto privativo de US$ 6,5 milhões para pagar a segurança da então presidente de Nicarágua, Violeta Chamorro. Mais tarde, ele foi condenado a dois anos e quatro meses de prisão domiciliar.
Chávez deixou a prisão em 1994 e já tinha construído as bases do que, mais tarde, seria o processo revolucionário. A eclosão já estava dada e o ex-presidente introduziu uma dinâmica de trabalho de base feito de forma direta com a população.
4 de fevereiro em 2024
O governo preparou para este 4 de fevereiro marchas de encerramento do que os chavistas chamaram de primeira etapa de manifestações de abertura do ano eleitoral. O grupo que apoia o PSUV preparou para o encerramento desse ciclo de mobilizações uma caravana que sairá de diferentes regiões do país até Caracas.
A ex-deputada e principal opositora do governo, María Corina Machado, também convocou manifestações para o dia, não só na Venezuela, mas fora do país também. A ultraliberal pediu que venezuelanos e pessoas que “apoiam eleições livres e justas” ao redor do mundo saiam às ruas para apoiar o movimento da oposição.
Carlos Franco afirma que a ideia de realizar marchas e contramarchas já é tradicional na Venezuela desde que Chávez assumiu em 1999. Mas a contramarcha organizada pela oposição neste domingo (4) usará de uma data histórica para o chavismo para justamente fazer a crítica ao episódio.
“A oposição diz que o chavismo é violento porque surge em um golpe de Estado. Essa é a crítica da oposição. Setores amplos da sociedade se apagaram a Chávez porque ele era de um grupo (militares) que era uma reserva moral do país. Essa contramarcha vai usar a crítica à essa base violenta do chavismo para colocar em debate o ano eleitoral”, completou o historiador.