Para o partido, a fala foi racista e poderia ser punida com cassação do mandato. “Claramente se vislumbra que a comparação com a personagem é usada pela deputada agressora no contexto de sua fala de forma pejorativa, para desqualificar sua identidade racial e, especialmente, sua história política de luta pelos direitos das mulheres”, diz trecho da representação.
À PGR, a sigla defendeu que a fala de Zambelli foi crime e não se encaixa no princípio da imunidade parlamentar. “A fala da deputada Carla Zambelli chamando a deputada Benedita de “Xica da Silva” – personagem histórica, também conhecida como Chica da Silva, que foi escravizada e posteriormente alforriada e cuja história já foi narrada em livros e em telenovela – é considerada racista por Benedita da Silva ser uma mulher negra”, diz trecho da representação ao procurador-geral da República, Paulo Gonet.
Carla Zambelli diz que se equivocou. “A deputada (…) confundiu o nome da deputada Benedita da Silva. Imediatamente quando percebeu o ocorrido, Zambelli apagou a publicação de suas redes e se desculpou com a deputada Benedita. Zambelli lamenta o referido lapso, mas torna público que não houve qualquer intenção de ofensa à sua colega de Parlamento”, disse a parlamentar em nota.
Crítica. Zambelli chamou Benedita de Chica da Silva ao se queixar de não ter sido autorizada a discursar na primeira reunião de mulheres parlamentares dos países que integram o G20.
Benedita é coordenadora-geral da bancada feminina da Câmara. Por isso, foi escolhida a discursar na abertura do evento nesta terça (2), em Maceió (AL). Francisca da Silva foi uma escrava alforriada que se tornou uma das mulheres mais poderosas do Arraial do Tijuco, atual município de Diamantina (MG), no século XVIII. A vida dela já virou livro, filme e novela homônimos.