Entre vinhos e pratos sofisticados como vieiras trufadas, arroz de pato e salmão, o deputado federal Pedro Aihara (PRD-MG) lidera os gastos com alimentação previstos na cota parlamentar. Entre janeiro e junho deste ano, Aihara teve R$ 9.754,24 ressarcidos pela Câmara dos Deputados. O caso foi inicialmente divulgado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.
- Após Justiça decretar prisão: ex de Zé Trovão diz que deputado seguiu sem pagar pensão após ser intimado ‘pessoalmente’
- Após abrir espaço para aliados em capitais, PT encara dificuldades no plano de emplacar vices
Procurado, o deputado diz que houve um erro no lançamento de quatro notas fiscais que somaram R$ 304,74 em bebidas alcóolicas e diz que o valor já foi devolvido ao parlamento. (Leia o posicionamento na íntegra no final da reportagem)
Eleito para seu primeiro cargo eletivo em 2022, Pedro Aihara conquistou a cadeira de deputado federal após ganhar projeção durante a tragédia de Brumadinho em 2019, quando 272 pessoas morreram com o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale. Bombeiro de formação, ele era tenente e porta-voz da corporação durante os resgastes de desaparecidos.
Em seu primeiro ano no Congresso Nacional, o deputado gastou pouco mais de R$ 13,1 mil com alimentação em 11 meses de legislatura, uma média mensal de quase R$ 1,2 mil. Em dezembro, ele chegou a submeter uma conta com dez cervejas de 600 ml que foram desconsideradas pela Casa Legislativa na hora do ressarcimento.
Neste ano, em seis meses, Pedro Aihara já soma 74% dos gastos que teve no ano passado. O mês que gastou menos, até agora, foi janeiro (R$ 851,30), quando pediu delivery do restaurante de rede Outback em ao menos três ocasiões.
Em fevereiro, passou o carnaval no Rio e chegou a pedir reembolso de uma conta no Pura Brasa, bar em Copacabana, zona sul da capital fluminense. Os chopes, contudo, foram vetados pela Casa Legislativa, que reembolsou R$ 201.
Mas foi em março que os gastos com alimentação passaram de R$ 3,5 mil. Neste mês, a Câmara pagou almoços de cardápios que variam desde bife ancho, no Rio de Janeiro, a salmão grelhado ao molho de alcaparras, em Belo Horizonte.
Em dois de março, ele esteve no AA Wine, na capital mineira, quando pediu um petisco, sobremesa, água e duas garrafas de vinho. Da conta que deu R$ 474,18, a Câmara reembolsou uma das garrafas de vinho de tinto.
A cota parlamentar é prevista por lei e varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil, a depender do estado. No caso de Minas Gerais, origem de Pedro Aihara, o parlamentar pode gastar até R$41.886,51, valor que nunca foi alcançado em totalidade pelo mineiro. O dinheiro pode ser direcionado a qualquer custo do mandato como transporte, combustível, passagens aéreas e hospedagem fora do Distrito Federal.
Apesar de bebidas alcóolicas não estarem incluídas em reembolsos, o parlamentar chegou a receber ressarcimento por dois vinhos e um drinque.
Em sete de junho deste ano, em Balneário Camboriú, a Casa reembolsou R$ 353 de uma conta no Chaplin Restaurante, localizado na orla catarinense. Lá, o vinho tinto do parlamentar e um prato de salmão ao molho de maracujá de R$ 247 foram pagos com verba pública.
O drinque foi bebido no dia 27 de novembro do ano passado, ocasião em que esteve no Taj Bar, em Curitiba. A conta de um risoto de camarão, um big mule, um pharmacy book e o couvert totalizou R$ 176.
Para a Câmara, ele pediu o reembolso de R$ 114,80, custo do risoto e do pharmacy book, feito à base de Whisky, rum, vinho do porto, cordial de framboesa, limão, noz moscada e defumação de canela.
Em nota, a Câmara dos Deputados disse que bebidas alcoólicas não estão previstas entre os gastos que podem ser reembolsados.
Em face das alegações veiculadas nas redes sociais e na imprensa sobre o uso indevido de minha cota parlamentar para a compra intencional de bebidas alcoólicas, custeio de carnes exóticas e ressarcimentos indevidos, venho esclarecer os fatos de forma clara e direta e repudiar as alegações mentirosas veiculadas.
Quanto às alegações de ressarcimento de bebidas alcoólicas, primeiramente, a afirmação de ressarcimento do chopp não é verídica. Afirmar que usei a verba para tal é mentir e distorcer a verdade. O que ocorreu foi um erro de lançamento em apenas quatro notas, que totalizam R$ 305,74, valor este já devidamente devolvido. Levando em consideração que devolvi aos cofres públicos cerca de R$ 400.000,00 no ano passado, tal valor se mostra como um erro isolado e não como algo corriqueiro e intencional.
Todas as alegações são resultado de sensacionalismo, distorção de informações, manipulação de dados e afirmações inverídicas, configurando uma clara ação de perseguição política. Se o foco da reportagem fosse tão somente questionar minhas viagens para fora do meu estado, a omissão proposital das tantas vezes em que viajei a cenários de desastres nos últimos meses e fiquei acampado juntamente com socorristas não teria ocorrido. Por exemplo, nas vezes em que atuei nos resgates no Rio Grande do Sul, ao invés de me hospedar em hotéis e me alimentar em restaurantes utilizando a cota, me hospedei em alojamentos de quartéis, me alimentando sem utilizar a cota. Farei isso novamente quantas vezes forem necessárias, assim como em todas as ações de desastres em que estive presente durante o mandato.
Tal perseguição é motivada por minha atuação em projetos de lei e fiscalizações de instituições poderosas. Ademais, isso ocorre na iminência da apresentação de um relatório de minha autoria, contendo denúncias graves e detalhadas sobre o desastre-crime em Brumadinho, que afeta grandes lobistas. Nesse sentido, a reportagem é uma tentativa sórdida de me calar.
Essa estratégia de disseminação de informações distorcidas e supervalorizadas visa enfraquecer minha base política e atacar indiretamente os pré-candidatos que apoio, especialmente diante do crescimento político que tenho experimentado nos municípios em preparação para as eleições de 2024. Reafirmo que, em todas as alegações apresentadas pela reportagem, não há qualquer indício de ilegalidade ou usurpação de dinheiro público.
Por fim, a notícia ignorou o fato de que minha utilização da cota parlamentar está abaixo da média nacional e dentro do grupo dos 25% mais econômicos do estado, comprovando minha boa-fé e lisura no uso dos recursos públicos.
Entre vinhos e pratos sofisticados como vieiras trufadas, arroz de pato e salmão, o deputado federal Pedro Aihara (PRD-MG) lidera os gastos com alimentação previstos na cota parlamentar. Entre janeiro e junho deste ano, Aihara teve R$ 9.754,24 ressarcidos pela Câmara dos Deputados. O caso foi inicialmente divulgado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.
- Após Justiça decretar prisão: ex de Zé Trovão diz que deputado seguiu sem pagar pensão após ser intimado ‘pessoalmente’
- Após abrir espaço para aliados em capitais, PT encara dificuldades no plano de emplacar vices
Procurado, o deputado diz que houve um erro no lançamento de quatro notas fiscais que somaram R$ 304,74 em bebidas alcóolicas e diz que o valor já foi devolvido ao parlamento. (Leia o posicionamento na íntegra no final da reportagem)
Eleito para seu primeiro cargo eletivo em 2022, Pedro Aihara conquistou a cadeira de deputado federal após ganhar projeção durante a tragédia de Brumadinho em 2019, quando 272 pessoas morreram com o rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale. Bombeiro de formação, ele era tenente e porta-voz da corporação durante os resgastes de desaparecidos.
Em seu primeiro ano no Congresso Nacional, o deputado gastou pouco mais de R$ 13,1 mil com alimentação em 11 meses de legislatura, uma média mensal de quase R$ 1,2 mil. Em dezembro, ele chegou a submeter uma conta com dez cervejas de 600 ml que foram desconsideradas pela Casa Legislativa na hora do ressarcimento.
Neste ano, em seis meses, Pedro Aihara já soma 74% dos gastos que teve no ano passado. O mês que gastou menos, até agora, foi janeiro (R$ 851,30), quando pediu delivery do restaurante de rede Outback em ao menos três ocasiões.
Em fevereiro, passou o carnaval no Rio e chegou a pedir reembolso de uma conta no Pura Brasa, bar em Copacabana, zona sul da capital fluminense. Os chopes, contudo, foram vetados pela Casa Legislativa, que reembolsou R$ 201.
Mas foi em março que os gastos com alimentação passaram de R$ 3,5 mil. Neste mês, a Câmara pagou almoços de cardápios que variam desde bife ancho, no Rio de Janeiro, a salmão grelhado ao molho de alcaparras, em Belo Horizonte.
Em dois de março, ele esteve no AA Wine, na capital mineira, quando pediu um petisco, sobremesa, água e duas garrafas de vinho. Da conta que deu R$ 474,18, a Câmara reembolsou uma das garrafas de vinho de tinto.
A cota parlamentar é prevista por lei e varia entre R$ 36 mil e R$ 51 mil, a depender do estado. No caso de Minas Gerais, origem de Pedro Aihara, o parlamentar pode gastar até R$41.886,51, valor que nunca foi alcançado em totalidade pelo mineiro. O dinheiro pode ser direcionado a qualquer custo do mandato como transporte, combustível, passagens aéreas e hospedagem fora do Distrito Federal.
Apesar de bebidas alcóolicas não estarem incluídas em reembolsos, o parlamentar chegou a receber ressarcimento por dois vinhos e um drinque.
Em sete de junho deste ano, em Balneário Camboriú, a Casa reembolsou R$ 353 de uma conta no Chaplin Restaurante, localizado na orla catarinense. Lá, o vinho tinto do parlamentar e um prato de salmão ao molho de maracujá de R$ 247 foram pagos com verba pública.
O drinque foi bebido no dia 27 de novembro do ano passado, ocasião em que esteve no Taj Bar, em Curitiba. A conta de um risoto de camarão, um big mule, um pharmacy book e o couvert totalizou R$ 176.
Para a Câmara, ele pediu o reembolso de R$ 114,80, custo do risoto e do pharmacy book, feito à base de Whisky, rum, vinho do porto, cordial de framboesa, limão, noz moscada e defumação de canela.
Em nota, a Câmara dos Deputados disse que bebidas alcoólicas não estão previstas entre os gastos que podem ser reembolsados.
Em face das alegações veiculadas nas redes sociais e na imprensa sobre o uso indevido de minha cota parlamentar para a compra intencional de bebidas alcoólicas, custeio de carnes exóticas e ressarcimentos indevidos, venho esclarecer os fatos de forma clara e direta e repudiar as alegações mentirosas veiculadas.
Quanto às alegações de ressarcimento de bebidas alcoólicas, primeiramente, a afirmação de ressarcimento do chopp não é verídica. Afirmar que usei a verba para tal é mentir e distorcer a verdade. O que ocorreu foi um erro de lançamento em apenas quatro notas, que totalizam R$ 305,74, valor este já devidamente devolvido. Levando em consideração que devolvi aos cofres públicos cerca de R$ 400.000,00 no ano passado, tal valor se mostra como um erro isolado e não como algo corriqueiro e intencional.
Todas as alegações são resultado de sensacionalismo, distorção de informações, manipulação de dados e afirmações inverídicas, configurando uma clara ação de perseguição política. Se o foco da reportagem fosse tão somente questionar minhas viagens para fora do meu estado, a omissão proposital das tantas vezes em que viajei a cenários de desastres nos últimos meses e fiquei acampado juntamente com socorristas não teria ocorrido. Por exemplo, nas vezes em que atuei nos resgates no Rio Grande do Sul, ao invés de me hospedar em hotéis e me alimentar em restaurantes utilizando a cota, me hospedei em alojamentos de quartéis, me alimentando sem utilizar a cota. Farei isso novamente quantas vezes forem necessárias, assim como em todas as ações de desastres em que estive presente durante o mandato.
Tal perseguição é motivada por minha atuação em projetos de lei e fiscalizações de instituições poderosas. Ademais, isso ocorre na iminência da apresentação de um relatório de minha autoria, contendo denúncias graves e detalhadas sobre o desastre-crime em Brumadinho, que afeta grandes lobistas. Nesse sentido, a reportagem é uma tentativa sórdida de me calar.
Essa estratégia de disseminação de informações distorcidas e supervalorizadas visa enfraquecer minha base política e atacar indiretamente os pré-candidatos que apoio, especialmente diante do crescimento político que tenho experimentado nos municípios em preparação para as eleições de 2024. Reafirmo que, em todas as alegações apresentadas pela reportagem, não há qualquer indício de ilegalidade ou usurpação de dinheiro público.
Por fim, a notícia ignorou o fato de que minha utilização da cota parlamentar está abaixo da média nacional e dentro do grupo dos 25% mais econômicos do estado, comprovando minha boa-fé e lisura no uso dos recursos públicos.