Desde o ano passado, o governo Lula prepara uma PEC para impedir militares na ativa de se candidatarem. O ministro da Defesa, José Múcio, declarou em agosto que as Forças Armadas concordaram com o projeto. Diversos países vedam a candidatura política de militares da ativa, como Estados Unidos, Inglaterra, França e Portugal.
A entrevista do comandante da FAB foi concedida dias após a Operação Tempus Veritatis, da Polícia Federal. Segundo a investigação, um grupo bolsonarista de alto escalão tentou dar um golpe e impedir que Lula tomasse posse após ter vencido as eleições de 2022.
O antecessor de Damasceno no comando da FAB, Carlos de Almeida Baptista Júnior, não aderiu à intenção de Jair Bolsonaro de dar um golpe, sugere a investigação. Em mensagem obtida pela Polícia Federal, o então ministro da Defesa, Walter Braga Netto se referiu a Baptista Júnior como “traidor da pátria”. “Inferniza a vida dele e da família”, escreveu.
O atual comandante da FAB defendeu uma “investigação completa” sobre a tentativa de golpe. “Qualquer coisa que fira nossos diplomas disciplinares será punida”. Disse ainda que “a Força Aérea foi profissional, focada na sua missão”. Damasceno assumiu o cargo em 2 janeiro de 2023, dia seguinte à posse de Lula.
Ao optar em se candidatar, o militar deve ir para a reserva. O normal é não se eleger. E o fato de eles voltarem para a Força fazendo proselitismo político é muito ruim. A Força tem que ser prioridade de cada um. Se eu faço uma opção de ir para a política, isso aqui deixou de ser prioridade. Fez opção, peça as contas e vá para a reserva.
Marcelo Kanitz Damasceno, comandante da FAB, em entrevista ao Globo de 11 de fevereiro