Nos últimos anos, uma nova divisão de gênero na política tem emergido ao redor do mundo, com homens e mulheres jovens adotando visões de mundo cada vez mais divergentes. Essa tendência, apontada pela pesquisa que foi mencionada pelo Financial Times e que considerou dados globais, revela uma realidade onde, em várias nações, as jovens estão significativamente mais inclinadas a abraçar ideologias progressistas, enquanto os jovens homens demonstram uma tendência conservadora mais acentuada.
Nos Estados Unidos, por exemplo, as mulheres entre 18 e 30 anos estão agora 30 pontos percentuais mais liberais do que seus contemporâneos masculinos, uma lacuna que surgiu em apenas seis anos. Na Alemanha e no Reino Unido, essa diferença também é marcante, com uma separação de 30 e 25 pontos, respectivamente. Na Ásia, a divisão é ainda mais profunda, com países como a Coreia do Sul e a China mostrando disparidades acentuadas entre os gêneros na juventude.
Este fenômeno não é apenas uma curiosidade estatística, mas reflete mudanças substanciais nas sociedades. O movimento #MeToo é citado como um gatilho crucial para essa divergência, especialmente entre as jovens mulheres, impulsionando valores feministas fortes e uma rejeição a injustiças de longa data. A situação na Coreia do Sul é particularmente dramática, com taxas de casamento em queda e a taxa de natalidade mais baixa do mundo em 2022, destacando as consequências sociais dessa divisão.
No Brasil, essa tendência global encontra um eco particular na política nacional. A pesquisa Datafolha de 15 de outubro de 2022 revelou que Lula manteve a liderança entre as mulheres e empatou com Bolsonaro entre os homens. A aprovação do trabalho de Lula ao longo de 2023 mostrou uma consistência maior de apoio entre as mulheres, com uma aprovação geralmente superior à dos homens e uma desaprovação menor. Esses dados refletem uma tendência similar à observada globalmente, onde as mulheres tendem a apoiar mais ideais progressistas, enquanto os homens apresentam uma inclinação mais conservadora.
A gestão de Bolsonaro também teve sua reprovação mais acentuada entre as mulheres do que entre os homens, reforçando a ideia de que as diferenças de gênero na política não são exclusivas de uma faixa etária ou ideologia específica.
Essas tendências endereçam uma reflexão sobre a importância de compreender as divisões de gênero na política, não apenas como um fenômeno brasileiro, mas como parte de uma mudança global mais ampla. O Brasil, sob a gestão de Lula, apresenta um caso interessante de estudo dentro desse contexto global, onde as diferenças de gênero na política se manifestam tanto no apoio quanto na crítica ao governo.
É importante reconhecer essas divisões e trabalhar para entender suas raízes e implicações. A política, afinal, não é apenas o reflexo de nossas escolhas em urnas, mas também um espelho das divisões mais profundas dentro de nossas sociedades.
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