João Vitor dos Santos, de 23 anos, se trata há 3 meses no ambulatório de opioides do Hospital das Clínicas, em São Paulo. Portador de anemia falciforme, jovem revela que usava doença para vício em remédios: ‘Sempre dava um jeito de conseguir’
No Profissão Repórter desta terça-feira (24), foram abordadas as drogas mais comuns na atualidade e seus impactos na saúde. No Brasil, a dependência de opioides é alta: três vezes maior que a do crack. Segundo a Fiocruz, pelo menos quatro milhões de brasileiros já usaram algum medicamento dessa classe sem indicação médica.
João Vitor dos Santos, de 23 anos, mora com os meus pais em São Paulo. Há 3 meses ele se trata no ambulatório de opioides do Hospital das Clínicas, onde é atendido por psiquiatras e psicólogos, e participa de um grupo de terapia.
Ele conta sua trajetória até chegar ao HC, que começou com um diagnóstico de anemia falciforme aos 1 ano de idade. Essa doença crônica afeta os glóbulos vermelhos, obstrui o fluxo de sangue e causa crises de dor.
“É a pior dor do mundo que você pode sentir. É insuportável. Você não consegue respirar direito de tanta dor. Quando era menor, eu usava dipirona paracetamol, aí quando tinha a crise da anemia falciforme, eu passava a usar morfina. Ai 2009, 2010 eu comecei a desenvolver muitas alergias aos remédios”.
João já não podia usar analgésicos, colunas e nem a morfina aplicada no hospital durante as crises de dor. Foi então que os médicos indicaram o tramadol como opioide para a dor moderada, que ele passou a usar aos 10 anos.
“Para não sentir dor, eu comecei a usar ele bastante. Já para evitar, mesmo que eu tivesse sem dor […] Eu acabei fazendo uso excessivo, sempre que acabava dava um jeito de conseguir. Falava que eu estava com dor nas costas, e como eu tenho anemia falciforme, fica mais fácil assim”
A mãe de João, Maria Aparecida dos Santos: “Foi sem eu perceber, quando eu comecei a perceber, aí ele já estava viciado, já”.
Portador de anemia falciforme, jovem revela que usava doença para vício em remédios
Reprodução/TV Globo
Recuperação
Como tratamento, João já percebe a melhora. “Hoje eu ainda uso opioide, mas não sinto mais prazer, vontade. Uso só quando eu tenho dor mesmo”.
A mãe elogia o progresso do filho. “Eu fico muito feliz porque é algo que estou lutando tipo, quase 10 anos. Eu tinha 10, hoje eu estou com 23, então é uma coisa que eu sinto orgulhoso de mim mesmo”.
Mãe: “O sofrimento dele é grande. Ele é um menino guerreiro. Ele é meu orgulho. Eu tenho muito orgulho dele”.
João e a mãe abraçados
Reprodução/TV Globo
Conquista do primeiro emprego
João está no seu primeiro emprego, em uma longa e fala da importância de ter esse emprego para nessa nova ase da sua vida.
“É bom. Bom todos esses problemas acontecendo, desde quando eu nasci até hoje. Você se sente bem. Eu sou novo, tenho 23 anos, tenho uma vida toda para viver ainda e que precisa eu não ficar dependente de um remédio, que eu tenho acesso, que eu preciso para a falciforme, não para mim. Comprar, nem fazer nada. É para a falciforme, se eu sentir dor”.
Portador de anemia falciforme, jovem revela que usava doença para vício em remédios: ‘Sempre dava um jeito de conseguir’
Reprodução/TV Globo
LEIA TAMBÉM:
‘Podemos aprender com a experiência dos EUA’, diz pesquisador sobre uso recreativo de opioides no Brasil
Como epidemia de opioides deu novo fôlego à ‘guerra às drogas’ nos EUA
Veja a íntegra do programa:
Edição de 24/10/2023
Confira as últimas reportagens do Profissão Repórter abaixo:
No Profissão Repórter desta terça-feira (24), foram abordadas as drogas mais comuns na atualidade e seus impactos na saúde. No Brasil, a dependência de opioides é alta: três vezes maior que a do crack. Segundo a Fiocruz, pelo menos quatro milhões de brasileiros já usaram algum medicamento dessa classe sem indicação médica.
João Vitor dos Santos, de 23 anos, mora com os meus pais em São Paulo. Há 3 meses ele se trata no ambulatório de opioides do Hospital das Clínicas, onde é atendido por psiquiatras e psicólogos, e participa de um grupo de terapia.
Ele conta sua trajetória até chegar ao HC, que começou com um diagnóstico de anemia falciforme aos 1 ano de idade. Essa doença crônica afeta os glóbulos vermelhos, obstrui o fluxo de sangue e causa crises de dor.
“É a pior dor do mundo que você pode sentir. É insuportável. Você não consegue respirar direito de tanta dor. Quando era menor, eu usava dipirona paracetamol, aí quando tinha a crise da anemia falciforme, eu passava a usar morfina. Ai 2009, 2010 eu comecei a desenvolver muitas alergias aos remédios”.
João já não podia usar analgésicos, colunas e nem a morfina aplicada no hospital durante as crises de dor. Foi então que os médicos indicaram o tramadol como opioide para a dor moderada, que ele passou a usar aos 10 anos.
“Para não sentir dor, eu comecei a usar ele bastante. Já para evitar, mesmo que eu tivesse sem dor […] Eu acabei fazendo uso excessivo, sempre que acabava dava um jeito de conseguir. Falava que eu estava com dor nas costas, e como eu tenho anemia falciforme, fica mais fácil assim”
A mãe de João, Maria Aparecida dos Santos: “Foi sem eu perceber, quando eu comecei a perceber, aí ele já estava viciado, já”.
Portador de anemia falciforme, jovem revela que usava doença para vício em remédios
Reprodução/TV Globo
Recuperação
Como tratamento, João já percebe a melhora. “Hoje eu ainda uso opioide, mas não sinto mais prazer, vontade. Uso só quando eu tenho dor mesmo”.
A mãe elogia o progresso do filho. “Eu fico muito feliz porque é algo que estou lutando tipo, quase 10 anos. Eu tinha 10, hoje eu estou com 23, então é uma coisa que eu sinto orgulhoso de mim mesmo”.
Mãe: “O sofrimento dele é grande. Ele é um menino guerreiro. Ele é meu orgulho. Eu tenho muito orgulho dele”.
João e a mãe abraçados
Reprodução/TV Globo
Conquista do primeiro emprego
João está no seu primeiro emprego, em uma longa e fala da importância de ter esse emprego para nessa nova ase da sua vida.
“É bom. Bom todos esses problemas acontecendo, desde quando eu nasci até hoje. Você se sente bem. Eu sou novo, tenho 23 anos, tenho uma vida toda para viver ainda e que precisa eu não ficar dependente de um remédio, que eu tenho acesso, que eu preciso para a falciforme, não para mim. Comprar, nem fazer nada. É para a falciforme, se eu sentir dor”.
Portador de anemia falciforme, jovem revela que usava doença para vício em remédios: ‘Sempre dava um jeito de conseguir’
Reprodução/TV Globo
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Edição de 24/10/2023
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