O excesso de confiança entre executivos de Hollywood pode abreviar uma carreira. Jim Carrey ganhou as manchetes em 1996 com “O Pentelho” menos pelo filme, uma comédia ácida que fugia do bom-mocismo de seus personagens anteriores, e mais por seu salário, então inéditos US$ 20 milhões, o maior pago a um ator na época. O filme de Ben Stiller terminou sem encontrar seu público, colocando em dúvida o toque de Midas de Carrey.
Os anos seguintes, porém, foram generosos com o ator. Ele reencontrou o sucesso como humorista (ele emplacou “O Mentiroso”, “O Grinch” e “Todo Poderoso”, entre outros), ao mesmo tempo em que flexionava seus músculos dramáticos em filmes brilhantes como “O Show de Truman” e “O Mundo de Andy”. Seu melhor trabalho, em uma interpretação calibrada, difícil, sensível e engraçada, ainda é “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”.
Recentemente, Carrey diminuiu o ritmo consideravelmente e passou a se dedicar a outras expressões criativas, principalmente como artista plástico. Em abril de 2022, depois do lançamento de “Sonic 2”, em que reprisou o papel do vilanesco Dr. Robotnik, ele anunciou um respiro indeterminado em sua carreira. “Eu tenho o bastante, eu fiz o bastante, eu sou o bastante”, disse. A aposentadoria, contudo, será abreviada, já que o retorno de Carrey para “Sonic 3” está confirmado.
Aos 62 anos, e sem precisar provar absolutamente nada a ninguém, Jim Carrey crava três décadas de estrelato como um dos talentos mais incríveis de sua geração. Mesmo sabendo que ele nunca mais terá um ano como 1994. É difícil lembrar, a bem da verdade, de qualquer outro ator com uma sequência tão vitoriosa ao ser apresentado ao mundo. E pensar que ele, enquanto falava com o traseiro como o detetive dos animais, tinha certeza que “Ace Ventura” seria o fim de sua carreira.