Ele foi entregar o imóvel pra eles, a chave. Tinha alguns reparos para serem feitos na casa, e o Samuel, se não me engano, por que eu não tava lá né, aí você teria que falar com o Samuel, entregou alguma coisa pra eles assim pra que fosse feito algum reparo, alguma coisa no imóvel. Mas sem dúvida alguma foi um valor irrisório. Parece que também que o Samuel, se eu nao me engano foram feitas também algumas compras com o cartão
Paulo Junqueira, empresário do agronegócio
A Polícia Federal detectou essa informação durante a apuração do caso sobre o desvio das joias, mas as investigações não se aprofundaram sobre esse pagamento. As mensagens foram transcritas no inquérito que foi tornado público nesta segunda-feira (8) pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes.
Mauro Cid, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro, recebeu uma mensagem de um funcionário da Ajudância de Ordens comunicando sobre a visita. “Compras foram feitas e a casa já está abastecida. A cobertura da área da piscina foi finalizada para garantir a privacidade. O Samuel (genro do Paulo) prefere ir encontrar o PR amanhã para entregar a encomenda”, disse o funcionário.
No dia seguinte, Cid perguntou ao coronel Marcelo Câmara, segurança de Bolsonaro que o acompanhava na casa, se houve a entrega do dinheiro. “Samuel entregou o dinheiro?”, escreveu na mensagem. “Cartão do Junqueira?”, complementou Cid, sem deixar claro se houve a entrega de um cartão de visitas ou cartão de crédito.
O coronel Marcelo Câmara confirmou a entrega e disse que ficaria com parte do dinheiro “para controle” e que cumpria demandas da primeira-dama Michelle. “Sim entregou. E eu passei para o cordeiro [Sérgio Cordeiro, também integrante da equipe de segurança]. Aí ele vai falar com o PR. Avisei para deixar uma parte comigo para controle. A PD me manda msg pedindo as coisas eu faço”, escreveu Câmara a Cid.
“Diante dessas conversas entre Mauro Cid, Daniel Luccas e Marcelo Câmara, ficou evidente que Samuel entregaria uma encomenda (dinheiro) para o ex-presidente Jair Bolsonaro, ainda no ano 2022, enquanto ainda exercia o cargo de Presidente da República do Brasil”, diz o relatório pericial da Polícia Federal.