Em entrevista para a TV Vanguarda, o CEO da fabricante brasileira de aviões destacou a parceria que possui com os Estados Unidos, com empregos gerados no exterior e também negócios firmados no país. FImagem de arquivo – Funcionários da Embraer na sede da fábrica em São José dos Campos (SP).
Roosevelt Cássio/Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos
O presidente da Embraer , Francisco Gomes Neto, afirmou que não teme que os negócios da companhia sejam afetados pela mudança no governo americano. Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos nesta semana. O político republicano superou a democrata Kamala Harris nas urnas e vai assumir a Casa Branca no dia 20 de janeiro, data em que promete já começar a colocar as propostas de campanha em prática.
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Após o anúncio do resultado da eleição de quem vai comandar uma das maiores potências globais pelos próximos quatro anos, governantes ao redor do mundo declararam receio com os impactos na mudança de gestão.
A jornalista Natuza Nery, da TV Globo, apurou que, para o governo Lula (PT), a preocupação maior se dá na economia, pois as medidas prometidas por Trump podem mexer com o câmbio e com a inflação em todo o planeta – e o impacto no Brasil pode ser grande, segundo a avaliação.
Apesar do receio do governo, o CEO da Embraer, fabricante brasileira de aviões, que tem sede em São José dos Campos, no interior de São Paulo, e é uma das maiores indústrias do país, afirmou não ter receio de que a política adotada por Trump possa prejudicar a empresa no exterior.
“Nós não temos essa preocupação no momento”, disse Francisco Gomes Neto, CEO da Embraer.
Nesta sexta-feira (8), em entrevista à TV Vanguarda, emissora afiliada à Rede Globo, o empresário destacou a parceria de anos que a Embraer tem com o país americano, ressaltando os empregos que são gerados pela indústria no exterior e também os negócios firmados no país.
“A Embraer está nos Estados Unidos há mais de 45 anos. Nós geramos quase 3 mil empregos qualificados nos Estados Unidos, temos cerca de 3 bilhões de dólares em arquivo nos Estados Unidos, temos fábrica nos EUA. Nossos aviões têm um conteúdo americano expressivo, então a Embraer é um parceiro dos Estados Unidos”, disse.
“Quando nós vendemos aviões, nós vendemos equipamentos americanos também. (…) Aumentando a taxa de importação, vai aumentar os custos para as próprias linhas aéreas. Então, por todo esse contexto, pela parceria de longo prazo com os Estados Unidos e pela importância das nossas aeronaves para o transporte aéreo americano, a gente não enxerga, neste momento, um problema futuro para a Embraer continuar comercializando seus produtos naquele mercado, que é importantíssimo para nós”, completou o CEO.
Donald Trump em discurso após a eleição de 2024.
Jim WATSON / AFP
Com os dados divulgados pela Embraer nesta semana, apontando que a fabricante brasileira de aeronaves registrou receita de R$ 9,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024 – valor 50% maior do que o registrado no mesmo período de 2023 – o CEO também destacou o otimismo que a indústria tem para os próximos anos, tanto no exterior quanto no mercado nacional.
Segundo Francisco Gomes Neto, os resultados que a empresa está colhendo atualmente são frutos de um trabalho de anos, após uma reestruturação que ocorreu em 2020, com o rompimento do acordo de fusão entre a Embraer e a Boeing.
“A Embraer, há muito anos, tem um plano estratégico, que define iniciativas, projetos muito claros, que a gente vem executando muito bem, com muita eficiência. Tem o foco nas vendas, o foco na redução de custos, redução dos inventários, gestão dos caixas. A gente vem fazendo isso com muita disciplina, ano a ano, e eu acho que essa é uma das grandes razões de estarmos entregando os resultados, claro, sem esquecer da contribuição das nossas pessoas (funcionários), que vêm contribuindo muito para esse processo de execução e iniciativas”, afirmou o CEO.
“Toda empresa tem um plano estratégico, a diferença é executar bem esse plano estratégico. Isso a Embraer vem fazendo muito bem. Esse plano vem lá de 2020, quando o negócio com a Boeing não deu certo, e nós, então, integramos a aviação comercial de volta para a Embraer e, desde lá, a gente vem executando esse plano com muito sucesso. A performance da empresa vem melhorando ano a ano”, avaliou.
Ainda segundo o gestor da Embraer, com a economia aquecida, a empresa está com pedidos fechados até 2026. Agora, a fabricante está recebendo encomendas para serem entregues a partir de 2027.
“O nosso foco, hoje, é vender os produtos que nós temos. Nos próximos dois anos, 2025 e 2026, nós estamos praticamente com toda a produção preenchida. Estamos vendendo para entregas a partir de 2027. Nosso foco, hoje, é vender os produtos que nós temos, recuperar o investimento que foi feito no desenvolvimento deste produto, e melhorar cada vez mais a saúde financeira da companhia, para aí sim, no futuro, a gente pensar qual será o próximo passo da Embraer”, destacou.
“A Embraer está em um momento muito especial, estamos crescendo neste ano mais de 17% em relação ao ano passado, a perspectiva para os próximos anos é continuar crescendo dois dígitos ano a ano, ou seja, as perspectivas até o final da década são muito positivas, e preparando a companhia para um próximo passo para além de 2030”, finalizou.
Embraer anuncia receita de R$ 9,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024
Divulgação/Embraer
Resultados financeiros
Principal fabricante brasileira de aeronaves, a Embraer registrou receita de R$ 9,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024 – valor 50% maior do que o registrado no mesmo período de 2023.
O balanço foi apresentado pela empresa sediada em São José dos Campos (SP) na manhã desta sexta-feira (8), com a divulgação do faturamento registrado no terceiro trimestre de 2024.
De acordo com a Embraer, o principal responsável pela receita de quase R$ 10 bilhões foi o setor de Aviação Executiva e Defesa & Segurança, que tiveram um crescimento em receita superior a 85% na comparação com o terceiro trimestre de 2023.
No acumulado do ano, a Embraer divulgou que registrou receita de R$ 21 bilhões até aqui – valor 32% maior do que o registrado no mesmo período de 2023, que teve R$16,4 bilhões de receita.
A empresa entregou 59 jatos no terceiro trimestre de 2024:
41 jatos executivos
16 jatos comerciais
2 C-390 Millennium
Embraer anuncia receita de R$ 9,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024
Divulgação/Embraer
O resultado é 26% superior ao registrado no segundo trimestre deste ano (47 jatos) e 37% superior ao registrado no terceiro trimestre de 2023 (43 aeronaves).
O valor dos pedidos atuais da empresa para entrega de aviões soma R$ 129 bilhões, que é o maior número dos últimos nove anos. Além disso, representa um aumento de mais de 25% na comparação anual e 10% trimestre a trimestre.
No fechamento de 2024, a Embraer estime entregar até 73 jatos de Aviação Comercial e até 135 aeronaves de Aviação Executiva.
Veja um resumo dos números da Embraer no terceiro trimestre de 2024:
Balanço do 3º trimestre: receita: R$ 9,4 bilhões (+50%)
No ano: R$ 21,7 bilhões (+32%)
Aviões entregues: 3º tri 2023: 43 / 3º tri 2024: 59
Carteira de pedidos: R$ 129 bilhões
Embraer anuncia receita de R$ 9,4 bilhões no terceiro trimestre de 2024
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