♫ COMENTÁRIO
♩ Hoje faz dois anos que morreu Gal Costa (26 de setembro de 1945 – 9 de novembro de 2022). E, passados dois anos, ainda é estranho falar que Gal morreu, embora, aos poucos, a incredulidade dos primeiros meses foi sendo diluída pela implacável realidade de que temos conviver com a ideia de que a cantora não está mais fisicamente presente.
Ok, dá para recorrer à frase surrada, mas verdadeira, e sentenciar que “Gal vive”. Vive mesmo! Como vivem Dalva de Oliveira (1917 – 1972), Elis Regina (1945 – 1982) e tantas cantoras imortalizadas pela voz e pela obra.
Só que, não, não é a mesma coisa. Já não poderemos assistir à estreia de um show de Gal. Jamais ouviremos um álbum que Gal, atenta aos sinais, poderia ter gravado em 2023 ou neste ano de 2024 com músicas inéditas. Quem sabe Gal faria um feat. com o trio-sensação Os Garotin? Quem sabe Gal gravaria uma música de Liniker ou uma inédita de Jão? Quem sabe… Ninguém jamais saberá, pois Gal já não está em cena gravando discos e idealizando shows.
Diante dessa realidade tão inflexível quanto impiedosa, Gal Costa continua sendo uma das saudades mais doídas do Brasil. Gal é cantora referencial para a minha geração, a geração que cresceu ouvindo as grandes vozes da MPB reveladas nos anos 1960 e 1970. Uma geração privilegiada por ter tido contato com uma geração de artistas que, no universo da música brasileira, se mantém insuperável tanto do ponto de vista da qualidade quanto da quantidade.
O novo sempre vem, como sentenciou Belchior (1946 – 2017), e continua vindo a cada ano, mas, para quem cresceu ouvindo Gal (e Elis e Maria Bethânia e Chico Buarque e Caetano Veloso e cia..), nada mais será do que jeito que já foi um dia. Até porque nunca mais haverá uma cantora transcendental como Gal Costa.
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