A moeda norte-americana fechou em alta de 1,09%, cotada a R$ 5,7372, mas ainda acumulou perdas de 2,26% na semana. Já o principal índice de ações da bolsa de valores encerrou em queda de 1,43%, aos 127.830 pontos, no menor nível desde agosto. Dólar
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O dólar fechou em alta nesta sexta-feira (8), conforme investidores seguiam de olho na agenda doméstica, após dias de muita agitação internacional com a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos.
O destaque deste pregão ficou com a inflação brasileira. Segundo o Instituto Brasileira de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) avançou 0,56% em outubro, puxado pelo aumento da conta de luz e das carnes. A expectativa do mercado financeiro era de uma alta de 0,53%, em média.
O mercado também seguiu em compasso de espera pelo anúncio de um pacote detalhado de cortes de gastos públicos pelo Governo Federal. Na última quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que espera anunciar os cortes em breve, mas que aguarda aval do presidente Lula para detalhes na proposta.
O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, encerrou em queda e foi ao menor nível desde agosto.
Veja abaixo o resumo dos mercados.
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Dólar
Ao final da sessão, o dólar subiu 1,09%, cotado a R$ 5,7372. Na máxima do dia, chegou a R$ 5,7903. Veja mais cotações.
Com o resultado, acumulou:
queda de 2,26% na semana;
recuo de 0,76% no mês;
ganho de 18,23% no ano.
No dia anterior, a moeda subiu 0,02%, cotada a R$ 5,6752.
Ibovespa
Já o Ibovespa encerrou em queda de 1,43%, aos 127.830 pontos, no menor nível desde 7 de agosto, quando fechou em 127.514 pontos.
Com o resultado, acumulou:
queda de 0,23% na semana;
perdas de 1,45% no mês;
recuo de 4,74% no ano.
Na véspera, o índice encerrou em baixa de 0,51%, aos 129.682 pontos.
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O que está mexendo com os mercados?
O quadro fiscal brasileiro continuou a pesar nos negócios nesta sexta-feira, conforme investidores seguiram em compasso de espera pelas novas medidas de controle das contas públicas por parte do Governo Federal.
Desde o fim do segundo turno das eleições municipais, no final de outubro, o mercado aguarda o anúncio de um pacote de cortes de gastos. O objetivo é tentar equilibrar os cofres públicos e ajudar o governo a cumprir suas metas fiscais.
A equipe econômica passou a semana inteira debruçada em reuniões com os ministérios para negociar a redução das despesas e, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o anúncio de como e de quanto serão esses cortes deve chegar em breve.
As propostas avaliadas, no entanto, têm encontrado resistência de ministros que não desejam perder recursos em suas áreas. Nesta sexta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) convocou nove ministros de pastas que tratam das áreas econômica e social, além de outros nomes do governo.
O tema é importante para o mercado financeiro porque há uma percepção de que, sem os cortes, o governo não será capaz de honrar o arcabouço fiscal — que é o conjunto de regras que determina, entre outros pontos, quanto o país pode gastar.
Na última quinta-feira, o Tesouro Nacional divulgou que as contas do governo tiveram um déficit de R$ 105,2 bilhões de janeiro a setembro deste ano. Esse número representa aumento em relação ao mesmo período de 2023, quando foram registrados R$ 94,3 bilhões de déficit.
O resultado negativo de janeiro a setembro está longe da meta fiscal do governo, de zerar o déficit em 2024. Ou seja, equilibrar despesas e receitas.
Na agenda de indicadores, também ficou no radar a divulgação do IPCA, considerado a inflação oficial do país. O indicador subiu 0,56% em outubro, impulsionado pela forte alta nos preços da energia elétrica residencial (4,74%).
O resultado reforça a perspectiva de continuidade do ciclo de alta de juros por parte do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC). Na última quarta-feira (6), o colegiado resolveu acelerar o ritmo e elevou a taxa básica de juros (Selic) em 0,50 ponto percentual (p.p.), para 11,25% ao ano.
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Lá fora, o mercado seguiu repercutindo a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) da última quinta-feira, que acabou com um novo corte nos juros. A decisão foi por uma redução de 0,25 ponto percentual (p.p.), para a faixa de 4,50% e 4,75%.
O corte foi menor do que o observado na reunião passada, quando o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) decidiu diminuir os juros em 0,50 p.p., após passar quatro anos sem realizar reduções nas taxas.
Em comunicado, o Fomc informou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica continuou a expandir em ritmo sólido, reforçando que apesar de a inflação norte-americana ter caminhado para a meta de 2%, continua em patamares elevados.
Além disso, com a eleição de Donald Trump, que vai comandar os EUA pelos próximos quatro anos, a partir de 2025, especialistas esperam ver novas forças inflacionárias que podem levar o Fed a manter uma postura mais restritiva com os juros nos próximos anos.
Taxas maiores aumentam a rentabilidade dos títulos públicos americanos, considerados os mais seguros do mundo. Isso tende a levar mais dinheiro para os EUA e pode valorizar o dólar.
Novos estímulos na China também ficaram no radar. Nesta sexta-feira, o gabinete chinês aprovou medidas para impulsionar o crescimento do comércio exterior no país.
As propostas ficaram aquém das expectativas, uma vez que o mercado esperava algo especial para que o gigante asiático conseguisse enfrentar a nova gestão de Trump nos Estados Unidos, de maneira a evitar outra rodada de tensões sino-americanas e barreiras comerciais.