Fiscalização dos CACs: Polícia Federal assume controle e reforça medidas de segurança a partir de julho de 2025
Mudança histórica: fiscalização dos CACs agora é responsabilidade da Polícia Federal
A partir de 1º de julho de 2025, a fiscalização dos CACs — colecionadores, atiradores desportivos e caçadores — passa a ser oficialmente conduzida pela Polícia Federal (PF). A nova diretriz representa uma transformação institucional no Brasil em relação ao controle de armas de fogo e atividades correlatas, marcando o fim da gestão dessas atribuições pelo Comando do Exército, que vigorava há décadas.
A mudança foi consolidada pelo Decreto nº 11.615, assinado em 21 de julho de 2023, e visa reestruturar a forma como o país lida com o controle de armas e munições. A legislação também regulamenta o Estatuto do Desarmamento, conferindo à PF novas atribuições que vão desde o registro até a fiscalização das atividades dos CACs.
Quais atividades serão fiscalizadas pela PF?
Com a entrada em vigor da nova regra, a Polícia Federal passa a ter autoridade direta sobre:
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Registro de pessoas físicas e jurídicas que atuam como colecionadores, atiradores e caçadores;
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Emissão de autorizações para aquisição e transferência de armas de fogo;
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Fiscalização das atividades realizadas pelos CACs;
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Concessão de guias de tráfego para transporte de armas;
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Controle do comércio varejista de armamentos para pessoas físicas;
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Operacionalização de um novo sistema de Business Intelligence (BI) para monitoramento estatístico e transparência.
A fiscalização dos CACs se tornará mais rigorosa e integrada a um sistema digital de inteligência, permitindo à PF acompanhar dados como o tipo de armas mais registradas, a quantidade de armamentos em circulação, o número de vistorias, autuações e apreensões realizadas.
Por que a mudança para a Polícia Federal é relevante?
A decisão do governo federal de transferir a responsabilidade do Comando do Exército para a Polícia Federal se alinha à intenção de fortalecer o controle civil sobre o acesso a armas no Brasil. Isso ocorre em um contexto de crescimento expressivo no número de registros de CACs nos últimos anos e da crescente pressão por maior transparência e fiscalização.
Segundo o Ministério da Justiça, mais de 600 agentes da PF já passaram por qualificação específica para exercer essas novas funções. Também estão sendo criados núcleos especializados e delegacias voltadas exclusivamente para o controle de armas de CACs, o que deverá garantir maior eficiência e padronização nos processos.
Como será feita a transição do controle dos CACs?
A transição será conduzida de forma progressiva pelas superintendências regionais da Polícia Federal. Essa medida está respaldada por um Acordo de Cooperação Técnica (ACT), publicado em setembro de 2023, que definiu a metodologia de transferência. Um termo aditivo firmado em dezembro do mesmo ano estabeleceu a data de 1º de julho de 2025 como marco do início da nova fase.
O governo federal também destinou R$ 20 milhões para estruturar essa mudança, com foco na modernização das unidades da PF e na implantação dos novos sistemas de fiscalização.
Sistema BI vai garantir mais transparência na fiscalização dos CACs
Um dos grandes diferenciais dessa nova política pública é a criação de um painel de Business Intelligence. A ferramenta reunirá, de maneira acessível e transparente, dados sobre:
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Registros ativos de CACs;
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Quantidade e tipos de armas registradas;
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Localização dos registros;
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Frequência de vistorias;
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Autuações aplicadas por irregularidades;
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Número de apreensões realizadas em operações.
A proposta é tornar o sistema mais confiável tanto para os órgãos de controle quanto para a sociedade civil, ao eliminar lacunas históricas que dificultavam a atuação do Estado na regulação de armas de fogo.
Quais são os impactos práticos para os CACs?
A mudança na fiscalização dos CACs trará impactos diretos na rotina de quem atua como colecionador, atirador esportivo ou caçador. Entre os principais efeitos estão:
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Aumento na rigidez dos critérios de concessão de registros e autorizações;
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Maior frequência de vistorias e controle presencial;
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Unificação dos dados em um sistema eletrônico nacional sob responsabilidade da PF;
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Redução na autonomia regional das decisões, com padronização das normas em todo o território brasileiro;
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Fiscalização mais célere e com possibilidade de atuação integrada entre PF, Ministério da Justiça e demais órgãos federais.
Reforço ao Estatuto do Desarmamento e nova política de controle de armas
O Decreto nº 11.615 também teve como um de seus objetivos atualizar a regulamentação do Estatuto do Desarmamento, estabelecendo diretrizes mais rígidas para a posse, comercialização e transporte de armas e munições no Brasil. Essa medida é parte de uma estratégia mais ampla do governo Lula para limitar o acesso irrestrito a armamentos e conter o crescimento descontrolado do número de CACs.
Nos últimos anos, o Brasil viu uma explosão no número de registros de CACs, impulsionados por flexibilizações anteriores. A centralização na Polícia Federal visa reverter essa tendência, promovendo um modelo de segurança mais controlado e transparente.
O que esperar da nova fase da fiscalização dos CACs?
A nova estrutura de fiscalização dos CACs promete ampliar a capacidade do Estado de controlar o uso e o comércio de armas no Brasil. A medida também pretende:
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Reforçar a rastreabilidade de armas e munições;
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Reduzir a possibilidade de desvios e fraudes nos registros;
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Impedir que armamentos cheguem a organizações criminosas;
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Estabelecer um padrão único de fiscalização em todo o território nacional.
Para os CACs que atuam dentro da legalidade, a nova regulamentação não representa um obstáculo, mas sim uma garantia de segurança jurídica e institucional. Já para aqueles que operam à margem da lei, o cerco tende a se fechar com a atuação especializada da PF.
Fiscalização dos CACs é marco de mudança na segurança pública brasileira
Com a entrada da Polícia Federal no controle dos CACs, o Brasil dá um passo importante rumo à modernização e ao fortalecimento da política de segurança pública. A padronização de critérios, a transparência nos dados e a centralização da gestão permitem uma visão sistêmica do setor de armamentos e podem contribuir para a redução da violência armada no país.
É um momento histórico que redefine os caminhos do controle de armas no Brasil e coloca a fiscalização dos CACs como pilar central de uma política pública mais eficaz, responsável e transparente.