Gloria Groove pediu um ventilador para posicionar bem em frente a seu corpo nos bastidores do Palco Sunset, onde se apresentou pela segunda vez no Rock in Rio. A cantora queria evitar que sua maquiagem e montação fossem afetadas pelo calor. Ela conversou com o GLOBO ao lado de seu camarim, no festival.
Você é local do Rock in Rio, mas deve dar um frio na barriga…
Com certeza, ainda mais hoje como headliner, a responsabilidade é tremenda de encerrar esse palco que mudou a minha vida. No Sunset, vivi um dos momentos mais incríveis.
No sábado, você volta para o Dia Brasil, aí é outro show, né?
A proposta é totalmente diferente. Hoje estou fazendo o meu show, a minha hora cheia, mostrando minha carreira, as possibilidades. Sábado é sobre a união, dividir espaço, cantar os hits que mudaram as nossas vidas. O clima é mais de comunhão. Hoje, a comunhão é entre eu e a minha equipe, as pessoas que construíram comigo, a quem eu devo todo esse êxito, porque sozinho não se faz nada.
No dia 26, você lança “A serenata da GG vol 2” com parcerias com Mumuzinho, Thiaguinho. Deu muito certo cantar pagode, né? No começo, houve críticas, a pessoas não entenderam muito você deixando o pop para cantar pagode, mas você não arredou pé, foi no seu feeling e bombou… Melhor vingança, né?
Vale muito a pena investir no que a gente acredita. O pagode é um estilo que está na minha vida desde antes de eu chegar no mundo. Na barriga da minha mãe, o pagode já era a coisa mais importante da minha vida porque era o estilo que garantia o sustento da minha família, através da minha mãe que foi backing vocal da banda Raça Negra. Eu jamais imaginaria que, aos 29 anos, eu estaria retomando essa história, olhando de novo para esse lugar com a plataforma que eu tenho hoje, me permitindo sentir isso. Nunca imaginava o tanto de essência que ia me devolver, o tanto que cantar o amor ia me colocar de novo no eixo. Devo muito não só ao sucesso do projeto, mas ao êxito que foi viver o processo para dentro, enquanto ele era só nosso. Mudou muito a minha visão de mundo. E acho que ele já ocupou um lugar especial no coração das pessoas. Animado para continuar, seguir essa história de amor.
Foi essa mesma intuição que te fez se lançar como drag queen num país em que a gente sabe como é difícil a relação com as pautas de sexualidade e de gênero. Mas você tinha certeza. Imaginava chegar onde chegou?
Realmente é difícil. Comecei a me montar em 2014, aos 19 anos e, naquele momento, a gente ainda não tinha essa explosão das drags brasileiras na cultura popular, no mainstream. A gente via as drags internacionais fazendo trabalhos muito expressivos, começando a mudar esse mercado. Mas era muito improvável conseguir fazer o que a gente fez. Todas as minhas amigas, mulheres trans, gays… Era improvável que a gente conseguisse romper a bolha desse jeito que estamos fazendo e criar um espaço tão digno e respeitado como qualquer artista. O grande valor é ter conseguido subverter o que se entende como “ah, até onde uma drag queen pode fazer sucesso?”. Graças a Deus, a gente vive nesse país que, apesar de muito complicado quando se trata das questões de orientação sexual, identidade de gênero e expressão artística, consegue entender quando algo é verdadeiro e genuíno.
Você bebeu na fonte da sua mãe, cantora da noite, cresceu ouvindo Maria Bethânia, Alcione… Como essas grandes divas da música brasileira forjaram a artista que você é?
Minha mãe é a pessoa mais importante da minha vida. Sou filho de cantora, de backing vocal, de cantora da noite. Ter conhecido o mundo da música através do olhar dessa mulher que dedicou a vida a estudar e trabalhar… porque nem sempre ela estava na linha de frente, mas a dedicação era sempre tremenda… talvez tenha me feito olhar para o mundo da arte com outro tipo de respeito e apreço. Devo muito à minha mãe, que não foi só minha principal rede de apoio. Minha adolescência não foi fácil sendo gay, afeminado, entre outras descobertas… Minha mãe sempre esteve do meu lado, mas também como maior diva, minha maior inspiração. Tenho uma cantora para me inspirar dentro de casa.
Ela está aqui hoje. Momentos importantes da vida mamãe tem que estar junto.
A divulgação do “Serenata GG…” tem uma frase que eu amei: “Para quem ama demais”. Você é dessas?
Fiz disso o slogan. Porque a “Serenata GG” vem para celebrar esse novo momento mais sentimental, mais temperamental. Eu sou capricorniano, passando pelo retorno de saturno, prestes a talvez virar mais ariano, que é meu ascendente. Estava nesse mundo louco de trabalho e comecei a perceber meu coração dando aquela amolecidinha. Quase como se o amor estivesse voltando a entrar nas minhas prioridades. Acho que eu estava muito tempo anestesiado, vivendo só com o trabalho. E tive esse momento de olhar tudo que estava à minha volta e percebi que sem esse amor, nada do que eu fazia no trabalho seria possível, nada cresceria num solo que não é regado. E o amor vem me regando, de mãe, de fã, de família, de marido. “Serenata…” está lá para isso, para deixar essa carta de amor para quem merece ler.
Tem um amor concreto, que é o Pedro Luis. Ouvi dizer que vocês vão se casar?
É verdade! Porque a gente respondeu à pergunta. Perguntaram “vocês casariam?”, e aí saiu: planejam se casar (risos). Mas é verdade, sim. Celebrar o amor sempre é certo. Sou a cantora da “Serenata…”, como não vou defender demonstrações públicas de afeto? E, sobre isso, tenho a sorte de viver um amor tranquilo, respeitoso. Pedro Luis é um homem muito íntegro, que me ensinou muita coisa, me conheceu muito jovem. São quase 10 anos juntos, já passamos por muitas transformações. É muito bom continuar reconhecendo a pessoa e se reconhecendo nela depois de todo esse tempo. Essa conexão é mais uma coisa para que eu tenha essa segurança de viver o que eu vivo hoje.
Como recebeu a indicação ao Grammy Latino na categoria “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa” pela música “Da Braba”?
É muito mais do que uma indicação. Quando chegou, senti um alívio tão grande no meu coração que não sei explicar. Como se fosse a cereja no bolo, uma grande resposta de que vale a pena defender o que a gente acredita.
Gloria Groove pediu um ventilador para posicionar bem em frente a seu corpo nos bastidores do Palco Sunset, onde se apresentou pela segunda vez no Rock in Rio. A cantora queria evitar que sua maquiagem e montação fossem afetadas pelo calor. Ela conversou com o GLOBO ao lado de seu camarim, no festival.
Você é local do Rock in Rio, mas deve dar um frio na barriga…
Com certeza, ainda mais hoje como headliner, a responsabilidade é tremenda de encerrar esse palco que mudou a minha vida. No Sunset, vivi um dos momentos mais incríveis.
No sábado, você volta para o Dia Brasil, aí é outro show, né?
A proposta é totalmente diferente. Hoje estou fazendo o meu show, a minha hora cheia, mostrando minha carreira, as possibilidades. Sábado é sobre a união, dividir espaço, cantar os hits que mudaram as nossas vidas. O clima é mais de comunhão. Hoje, a comunhão é entre eu e a minha equipe, as pessoas que construíram comigo, a quem eu devo todo esse êxito, porque sozinho não se faz nada.
No dia 26, você lança “A serenata da GG vol 2” com parcerias com Mumuzinho, Thiaguinho. Deu muito certo cantar pagode, né? No começo, houve críticas, a pessoas não entenderam muito você deixando o pop para cantar pagode, mas você não arredou pé, foi no seu feeling e bombou… Melhor vingança, né?
Vale muito a pena investir no que a gente acredita. O pagode é um estilo que está na minha vida desde antes de eu chegar no mundo. Na barriga da minha mãe, o pagode já era a coisa mais importante da minha vida porque era o estilo que garantia o sustento da minha família, através da minha mãe que foi backing vocal da banda Raça Negra. Eu jamais imaginaria que, aos 29 anos, eu estaria retomando essa história, olhando de novo para esse lugar com a plataforma que eu tenho hoje, me permitindo sentir isso. Nunca imaginava o tanto de essência que ia me devolver, o tanto que cantar o amor ia me colocar de novo no eixo. Devo muito não só ao sucesso do projeto, mas ao êxito que foi viver o processo para dentro, enquanto ele era só nosso. Mudou muito a minha visão de mundo. E acho que ele já ocupou um lugar especial no coração das pessoas. Animado para continuar, seguir essa história de amor.
Foi essa mesma intuição que te fez se lançar como drag queen num país em que a gente sabe como é difícil a relação com as pautas de sexualidade e de gênero. Mas você tinha certeza. Imaginava chegar onde chegou?
Realmente é difícil. Comecei a me montar em 2014, aos 19 anos e, naquele momento, a gente ainda não tinha essa explosão das drags brasileiras na cultura popular, no mainstream. A gente via as drags internacionais fazendo trabalhos muito expressivos, começando a mudar esse mercado. Mas era muito improvável conseguir fazer o que a gente fez. Todas as minhas amigas, mulheres trans, gays… Era improvável que a gente conseguisse romper a bolha desse jeito que estamos fazendo e criar um espaço tão digno e respeitado como qualquer artista. O grande valor é ter conseguido subverter o que se entende como “ah, até onde uma drag queen pode fazer sucesso?”. Graças a Deus, a gente vive nesse país que, apesar de muito complicado quando se trata das questões de orientação sexual, identidade de gênero e expressão artística, consegue entender quando algo é verdadeiro e genuíno.
Você bebeu na fonte da sua mãe, cantora da noite, cresceu ouvindo Maria Bethânia, Alcione… Como essas grandes divas da música brasileira forjaram a artista que você é?
Minha mãe é a pessoa mais importante da minha vida. Sou filho de cantora, de backing vocal, de cantora da noite. Ter conhecido o mundo da música através do olhar dessa mulher que dedicou a vida a estudar e trabalhar… porque nem sempre ela estava na linha de frente, mas a dedicação era sempre tremenda… talvez tenha me feito olhar para o mundo da arte com outro tipo de respeito e apreço. Devo muito à minha mãe, que não foi só minha principal rede de apoio. Minha adolescência não foi fácil sendo gay, afeminado, entre outras descobertas… Minha mãe sempre esteve do meu lado, mas também como maior diva, minha maior inspiração. Tenho uma cantora para me inspirar dentro de casa.
Ela está aqui hoje. Momentos importantes da vida mamãe tem que estar junto.
A divulgação do “Serenata GG…” tem uma frase que eu amei: “Para quem ama demais”. Você é dessas?
Fiz disso o slogan. Porque a “Serenata GG” vem para celebrar esse novo momento mais sentimental, mais temperamental. Eu sou capricorniano, passando pelo retorno de saturno, prestes a talvez virar mais ariano, que é meu ascendente. Estava nesse mundo louco de trabalho e comecei a perceber meu coração dando aquela amolecidinha. Quase como se o amor estivesse voltando a entrar nas minhas prioridades. Acho que eu estava muito tempo anestesiado, vivendo só com o trabalho. E tive esse momento de olhar tudo que estava à minha volta e percebi que sem esse amor, nada do que eu fazia no trabalho seria possível, nada cresceria num solo que não é regado. E o amor vem me regando, de mãe, de fã, de família, de marido. “Serenata…” está lá para isso, para deixar essa carta de amor para quem merece ler.
Tem um amor concreto, que é o Pedro Luis. Ouvi dizer que vocês vão se casar?
É verdade! Porque a gente respondeu à pergunta. Perguntaram “vocês casariam?”, e aí saiu: planejam se casar (risos). Mas é verdade, sim. Celebrar o amor sempre é certo. Sou a cantora da “Serenata…”, como não vou defender demonstrações públicas de afeto? E, sobre isso, tenho a sorte de viver um amor tranquilo, respeitoso. Pedro Luis é um homem muito íntegro, que me ensinou muita coisa, me conheceu muito jovem. São quase 10 anos juntos, já passamos por muitas transformações. É muito bom continuar reconhecendo a pessoa e se reconhecendo nela depois de todo esse tempo. Essa conexão é mais uma coisa para que eu tenha essa segurança de viver o que eu vivo hoje.
Como recebeu a indicação ao Grammy Latino na categoria “Melhor Interpretação Urbana em Língua Portuguesa” pela música “Da Braba”?
É muito mais do que uma indicação. Quando chegou, senti um alívio tão grande no meu coração que não sei explicar. Como se fosse a cereja no bolo, uma grande resposta de que vale a pena defender o que a gente acredita.