(UOL/FOLHAPRESS) – O último grande título da seleção brasileira foi a Olimpíada de Tóquio. Com decepções na Copa do Mundo de 2022 e nas últimas duas edições da Copa América em 2021 e 2024, além de nem ter se classificado para os Jogos Olímpicos de Paris, a nova geração tem sido criticada por não ter grandes talentos como no passado.
Mas há quem rebata veementemente essa teoria. Um deles é André Jardine, treinador do ouro olímpico há quatro anos.
“Eu escuto muita gente dizendo que a geração não é boa, que o Brasil não é mais o mesmo. Eu fico bem triste com esses comentários porque nós fomos campeões com esse time que está aí. Eu não compro essa ideia de que a geração é ruim. O Brasil segue sendo uma das melhores seleções do mundo e sempre será favorito em qualquer competição”, explicou o treinador antes de levantar uma discussão sobre os problemas do futebol brasileiro.
“Se o Brasil não for favorito é porque falta competência em alguma área, não é por não ter jogadores. Não acredito nunca nessa linha de pensamento. O Brasil produz jogadores em massa, jogadores de altíssimo nível. Se não vence, precisamos procurar as explicações em outros caminhos”, avaliou Jardine, atual técnico do América do México e tricampeão nacional no país.
A menos de um ano para a Copa do Mundo de 2026, a base de Tóquio segue em alta no radar do técnico Carlo Ancelotti. Entre os medalhistas de ouro, Bruno Guimarães, Richarlison, Gabriel Martinelli e Matheus Cunha foram chamados para os amistosos contra Coreia do Sul e Japão e são os mais cotados a disputar o Mundial no próximo ano. Além dos quatro atuais, Antony, Guilherme Arana e Douglas Luiz estiveram em listas anteriores.
“Fico feliz em ver o sucesso de muitos campeões olímpicos. Nosso projeto, junto com o Branco, era montar a base da Copa do Mundo de 2026 e 2030. Lembro na minha primeira convocação que chamei Yuri Alberto, Igor Jesus e João Pedro, três centroavantes com chances de disputar a Copa”, analisou.
SUCESSO NO MÉXICO
Apesar do ouro olímpico em Tóquio, André Jardine não teve o reconhecimento esperado pela conquista. Seis meses após o ouro, ele pediu demissão e foi treinar o San Luis, clube que lutava contra o rebaixamento no Campeonato Mexicano. Menos de um ano e meio depois, assumiu o América e conquistou os três títulos nacionais pelo clube.
“O ouro foi uma conquista muito emblemática e que realmente me abriu portas no México. Eu creio que com o tempo o brasileiro vai valorizar mais aquele ouro. É muito difícil ser campeão com o Brasil, é muito difícil ganhar dos europeus. Nos vencemos a Alemanha por 4 a 2 e também ganhamos da Espanha na final. Foi uma baita conquista, mas pouco valorizada dentro do nosso país”, lamentou.
Tricampeão com o América, André Jardine está em um dos países que sediará a Copa do Mundo de 2026 ao lado dos Estados Unidos e Canadá. A derrota no Qatar em 2022 ainda mexe com o treinador, que tinha uma torcida especial para o amigo e treinador Tite.
“Foi uma pena o Tite não ter sido campeão na última Copa. A eliminação veio em um detalhe. Nós tínhamos uma sinergia de trabalho muito forte. Ele merecia muito. Se tivesse passado pela Croácia, o Brasil tinha muitas chances de ser campeão porque o Brasil sempre ganhava da Argentina. O Tite não teve dificuldades para vencer a Argentina durante todo o período dele na seleção. Claro que é um jogo difícil, mas eu via o Brasil passando”.
Sobre o futuro, o treinador aposta em Carlo Ancelotti, mas faz um alerta ao italiano sobre o curto espaço de tempo que ele terá até o início da Copa do Mundo.
“O Ancelotti vai ter de correr contra o tempo para conhecer cada jogador que ele convoca. Na primeira pode ter uma boa impressão, mas na segunda pode ser que não. É preciso tempo para conhecer. Uma coisa é jogar pelo clube, outra é pela seleção brasileira. Eu vou estar na torcida para que aquele legado de 2021, de alguma forma, resulte em um título da seleção principal”, disse.