A Flotilha Global Sumud relatou que embarcações não identificadas, algumas com luzes apagadas, se aproximaram dos barcos em águas internacionais. Israel já afirmou que pretende impedir a chegada do grupo a Gaza, mantendo o bloqueio ao enclave palestino
A Flotilha Global Sumud emitiu um alerta na madrugada desta quarta-feira (1º) informando que embarcações não identificadas se aproximaram de vários dos barcos que integram o grupo, em águas internacionais onde Israel já interceptou outras flotilhas no passado. Segundo comunicado publicado no Telegram às 23h30 (horário de Brasília), algumas dessas embarcações estavam com as luzes apagadas.
A organização relatou que os participantes ativaram protocolos de segurança em preparação para uma possível interceptação, mas destacou que as embarcações suspeitas se afastaram logo em seguida. Ainda assim, a flotilha afirmou que continua a caminho de Gaza, já a 120 milhas náuticas (cerca de 220 km), próximo à região onde iniciativas semelhantes foram bloqueadas ou atacadas anteriormente.
Formada por mais de 50 barcos, a flotilha já havia mencionado um aumento da presença de drones sobrevoando as embarcações. A Marinha de Israel declarou estar pronta para impedir o avanço do grupo. Fontes militares disseram à emissora pública israelense Kan que o plano inclui transferir os ativistas para um navio militar, rebocar as embarcações até o porto de Ashdod e, eventualmente, afundar algumas delas.
Israel mantém a posição de não permitir a entrada da flotilha em Gaza, reforçando o bloqueio imposto ao enclave palestino. Na terça-feira (30), o governo português renovou o apelo para que os ativistas do país a bordo da missão permaneçam em águas internacionais, alegando “riscos muito sérios”. O alerta foi dirigido à líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, à atriz Sofia Aparício e ao ativista Miguel Duarte.
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, afirmou que existe disposição para que a ajuda humanitária transportada seja enviada via Chipre, em coordenação com a Igreja Católica e com apoio da Itália, proposta já rejeitada pelos ativistas, que defendem o rompimento do bloqueio israelense.
A Flotilha Global Sumud é considerada a maior missão humanitária já organizada nesse formato. O conflito em Gaza, iniciado após os ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, já deixou cerca de 1.200 mortos e 251 reféns em território israelense. A retaliação israelense resultou em mais de 66 mil mortos em Gaza, além da destruição quase total das infraestruturas do enclave e a expulsão de centenas de milhares de pessoas. Israel também mantém restrições severas à entrada de ajuda humanitária, com registros de mais de 400 mortes por desnutrição e fome, a maioria de crianças.