Resumo
Um professor foi demitido após criticar publicamente um aluno que vende água de coco na cidade de Vitória, no Espírito Santo. Ele se defendeu, explicando que fazia ma indagação no quadro sobre a importância da educação.
Um professor de matemática foi demitido após expor um aluno que foi visto por ele vendendo água de coco junto com a família, em Vitória, no Espírito Santo. O caso aconteceu na sexta-feira, 15, e a demissão foi confirmada nesta semana.
O professor escreveu no quadro da sala um questionamento que chamou de “reflexão”: “Será que é melhor ir para o calçadão de Jardim Camburi vender água de coco ou se esforçar um pouco mais nos estudos para ter um emprego melhor?”. Logo abaixo está escrito: “Fato!”.
Alunos tiraram foto da provocação e enviaram para o adolescente que teria sido o objeto da indagação, que nem estudaria mais na escola. A mãe do garoto recebeu a imagem e decidiu, então, publicar um vídeo em que critica a postura do educador.
“Trabalho há três, quatro anos vendendo água de coco. É através da água de coco que eu levo sustento para a minha família, que eu pago as minhas contas e meu aluguel. Infelizmente, hoje eu fui surpreendida juntamente com meu filho. Ele estudou na escola e o professor teve uma fala infeliz. Ele viu meu filho trabalhando comigo e aí expôs meu filho, colocando no quadro essa reflexão”, disse a mulher, em um vídeo postado no Instagram, segundo o jornal A Gazeta.
“Vou ler (o que o professor escreveu) para vocês terem a noção do quanto foi desagradável, o quanto que a gente ficou ofendido, o quanto que foi humilhante. Meu filho ficou triste, chateado”, continuou a mulher. A identidade da vendedora ambulante não foi divulgada para preservar também o filho, por ser menor de idade.
Professor se defende
Após a repercussão, o professor Marcos Lengrub se defendeu. Ele publicou um texto em que explica o intuito da reflexão proposta em sala de aula.
“Resolvi fazer uma breve reflexão em sala de aula sobre a importância da educação e da sua relação com o trabalho na idade escolar. De acordo com as leis vigentes, os adolescentes devem frequentar a escola até os 17 anos. Eu trabalho justamente com a faixa etária de 14 a 17 anos de idade e, por isso, entendo que a todos estes jovens deve ser assegurado o direito à educação, e que é na escola onde todos devem estar, nessa faixa etária. A reflexão que eu propus nesta aula foi essencialmente sobre isso”, disse.
“Falamos sobre a necessidade que muitos têm em relação ao trabalho, e que, qualquer seja ele, sendo realizado de forma honesta, seja em uma praia ou em uma feira livre como vendedor, não tenho e jamais terei qualquer tipo de discriminação e/ou preconceito, afinal, eu já estive nesse lugar. O que desejei destacar foi o quanto a educação escolar é essencial nesta fase da formação humana. O meu intuito sempre foi conscientizar nossos adolescentes-estudantes de que, por mais difícil que seja a realidade, por mais árduo que seja, por mais desigualdade que exista, a educação é o caminho para a transformação da nossa realidade”, continuou o professor.
Marcos Lengrub acrescentou que foi mal interpretado pelas pessoas que não estavam em sala de aula e, por isso, não teriam compreendido a dinâmica proposta.
Ainda assim, a Secretaria de Educação do Espírito Santo (Sedu) preferiu por cessar o contrato com o professor, também de acordo com A Gazeta. A pasta também disse que a mãe do aluno está sendo apoiada pela secretaria para buscar seus direitos junto às autoridades, através Boletim de Ocorrência.
Fonte: Redação Terra